Ter a oportunidade de juntar e escutar grandes especialistas em lexicografia das línguas românicas é um privilégio que pudem desfrutar na semana passada na Corunha. Na rede galega de lexicografia RELEX organizamos um simpósio internacional em que desfilaram os nomes mais notórios da produção e investigação lexicográfica romance. Foi um programa carregado de percursos históricos e também de apresentaões de projetos inovadores como o Dictionnaire Étymologique Roman ou o REFLIEF, ambos desenvolvidos no ATILF de Nancy.

Entre as muitas questões que foram tratatadas, ninguém falou dos wikcionários românicos. Resulta surpreendente, sobretudo tendo em conta que wikcionários como o do francês alcançam já um elevado grau de cobertura lexical e concitam a colaboração de dezenas de usuários. Ao redor destes projetos colaborativos, que nasceram ao abeiro das diferentes edições das Wikipédias, criaram-se pequenas comunidades em linha  onde o objetivo de elaborar dicionários de distribuição livre alenta um debate lexicográfico mais ou menos constante. Porém, parece que estes projetos wiki não estão a despertar a atenção da maioria lexicógrafos. Para além da falta de menções aos wikcionários na maioria de reuniões científicas, como a organizada pola RELEX, cumpre assinalar a escassa bibliografia existente sobre este tema. Deixando de lado algumas investigações, as opiniões expressadas polos lexicógrafos são, em geral, críticas e negativas. Fala-se da falta de “autoridade” destes projetos e de problemas na introdução de protocolos de qualidade.

São úteis estes projetos colaborativos no campo da lexicografia? Podemos aprender alguma cousa deles? Ao menos, projetos como os wikcionários ou Wordreference, onde a participação dos usuários também é fundamental, estão a colocar na mesa de debate questões como a qualidade e fiabilidade dos dicionários, mas sobretudo o papel que podem chegar a jogar os usuários na sua elaboração e atualização.

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